quinta-feira, 24 de abril de 2008

Castelo de Bragança





Concelho de Bragança, freguesia de Santa Maria

O castelo, cuja construção se iniciou em 1409 e terminou trinta anos depois, é constituído por um extenso conjunto de muralhas com um perímetro de 660 metros, que formam quatro recintos individualizados entre si. Conta com quinze torres ou cubelos e outros tantos panos de muro, com a espessura média de dois metros, com três portas (duas Portas de Santo António e a Porta do Sol) e dois postigos (a Porta da Traição e o postigo do Poço do Rei).

Toda a cerca é ameada e define uma planta ovalada que apresenta o seu interior orientado segundo dois eixos viários, que estabelecem a ligação entre a Porta de Santo António, que dá para a parte velha da cidade, e a Porta do Sol, a nascente. Destes dois eixos é a rua da Cidadela aquela que faz o antigo traçado entre as duas portas.




À esquerda encontra-se um pequeno quarteirão, interrompido pelo espaço onde se localiza o Pelourinho e que antigamente foi ocupado pela igreja de S. Tiago.

Ao centro fica o principal aglomerado populacional, que tem no seu topo a Igreja de Santa Maria (também designada de Nossa Senhora do Sardão) e a célebre Domus Municipalis.





O lado norte, que esteve ocupado pelas instalações do Batalhão de Caçadores 3, foi arranjado e actualmente é uma ampla zona que torna a Torre de menagem ainda mais imensa do que já é.



Esta é um imóvel quadrangular de 17 m de lado e 34 m de altura, dotado de sapata de cerca de 6 m de altura.



O acesso era feito outrora por uma ponte levadiça, que levava à porta que se encontra bem alta. Actualmente faz-se por uma estreita escadaria exterior, de pedra, adossada à face setentrional de um corpo saliente que serve de escudo ou couraça à própria torre.



Na face sul da torre, a meia altura, está adossada uma pedra de armas com os emblemas da Casa de Avis, sinete do monarca que promoveu a edificação. Entre os elementos decorativos mais interessantes que a torre de menagem oferece contam-se as graciosas fiadas de ameias que lhe coroam o eirado e duas elegantes janelas góticas maineladas, uma na face sul outra na face este.




Nas aberturas e nos cunhais, o material utilizado é o granito, com alguns blocos siglados, enquanto no recheio predomina a alvenaria de xisto. Nos ângulos superiores destacam-se quatro guaritas cilíndricas.

A torre está adossada à muralha norte e obedece a um esquema que se foi tornando habitual, que é o de ver a cidadela encostada a um dos lados da muralha e não no centro. Tem ainda defendê-la um muro com sete cubelos (três do lado nascente, três do poente e um a sul). Funciona no seu interior um Museu Militar.




A Lenda da Torre da Princesa







A tradição local refere que há muito, quando a povoação ainda era a aldeia da Benquerença, existiu uma bela princesa órfã, que ali vivia com o seu tio, o senhor do castelo.

Esta princesa apaixonou-se por um nobre, valoroso e jovem cavaleiro, porém carente de recursos. Por esse motivo, o jovem partiu da aldeia em longa jornada em busca de fortuna, promentendo retornar apenas quando se achasse digno de pedir-lhe a mão.

Nesse ínterim, durante anos a fio, a jovem recusou todos os seus pretendentes, até que o seu tio, impaciente, prometeu-a a um amigo, forçando-a ao compromisso.

Ao ser apresentada ao candidato do tio, a jovem confessou-lhe que o seu coração pertencia a outro homem, cujo retorno aguardava há anos.

A revelação enfureceu o tio, que decidiu aumentar a coerção por meio um estratagema: nessa noite, disfarçou-se como um fantasma e, penetrando por uma das duas portas dos aposentos da princesa, simulando ser o fantasma do jovem ausente, afirmou-lhe com voz lúgubre, que ela estava condenada para sempre à danação, caso não aceitasse casar-se com o novo pretendente.

Prestes a obter um juramento por Cristo por parte da princesa, milagrosamente abriu-se a outra porta e, apesar de ser noite, um raio de sol penetrou nos aposentos, desmascarando o tio impostor.

Daí em diante, a princesa passou a viver recolhida na torre que hoje leva o seu nome, e as duas portas passaram a ser conhecidas como Porta da Traição e Porta do Sol, respectivamente.

Palácio de Belém



O Palácio, localizado em Belém, outrora palácio de Reis, é hoje monumento nacional e sede da Presidência da República Portuguesa. Chamado "das leoneiras" no século XVIII, parece ter como emblema o leão - símbolo solar que alia a Sabedoria ao Poder. Uma bandeira de cor verde com o escudo nacional - o estandarte presidencial - é hasteada no palácio indicando a presença do Presidente em Belém.

Trata-se de um conjunto arquitectónico e paisagístico onde avulta um edifício central de cinco corpos com frente para o rio Tejo. A um primeiro palacete, para nascente do Pátio das Damas - o Anexo - segue-se, na viragem para a Calçada da Ajuda, outra construção - o Picadeiro Real, hoje Museu dos Coches. Para poente desenvolvem-se os conjuntos do Pátio dos Bichos, do pavilhão da Arrábida e do Jardim da Cascata. Na direcção do sul estende-se o Jardim Grande, que termina num mirante cujo gradeamento prolongado para nascente e poente encontra dois pequenos pavilhões, outrora designados "casas de recreação".

A entrada no palácio faz-se pela rampa do Pátio dos Bichos. Por aqui entram os convidados do Presidente da República e visitas oficiais. No lado esquerdo da subida está o antigo Pátio das Equipagens, onde antes se encontravam as cavalariças e depósitos de coches e arreios. Actualmente estas instalações acolhem o Museu da Presidência da República. A rampa termina no Pátio dos Bichos.

É junto a esta entrada que se realiza, no 3.º Domingo de cada mês, às 11 horas, a Rendição Solene ou Render da Guarda, realizado pela guarda de honra do Palácio Nacional de Belém, a cargo do Esquadrão Presidencial do Regimento de Cavalaria da Guarda Nacional Republicana.
Ao entrar no Pátio dos Bichos vê-se ao lado direito a fachada poente do palácio. Aqui, nota-se, pela diversidade da construção, a junção dos dois edifícios: a Arrábida e o palácio. A fachada é constituída por uma porta central, duas laterais, e três janelas de sacada. Ao fundo do pátio encontra-se um muro com uma fonte e várias portas gradeadas que foram, em certa época, ocupadas por animais selvagens provenientes de África.

Na escada de acesso à Sala das Bicas podemos ver o pórtico de pedra (anteriormente exterior) e os vitrais das janelas posteriormente introduzidas.

A sala das Bicas possui chão de mármore preto e branco, nas paredes silhares de azulejos polícromos e bustos de jaspe representando imperadores romanos, um enorme lustre de bronze, reposteiros em cor escura com o escudo de D. João V (sem coroa), o tecto de madeira pintado e duas bicas que dão o nome à sala.
Imagens desta sala são transmitidas frequentemente na televisão, sempre que os convidados do Presidente da República prestam declarações aos jornalistas.
À direita da Sala das Bicas fica a Sala de Jantar num corpo do palácio que não fazia parte da edificação primitiva, construída no século XVI por D. Manuel de Portugal. Houve um período (1980-1985) em que esta sala serviu de museu expondo os presentes oferecidos ao Presidente Ramalho Eanes. Voltou depois à sua função de sala de refeições para convidados.

À esquerda da Sala das Bicas fica um corredor que serviu de Galeria dos Retratos dos anteriores Presidentes da República. Hoje, esses retratos pintados a óleo sobre tela, estão expostos no Museu da Presidência da República.

A Sala Dourada comunica com o primeiro dos três salões da zona nobre do Palácio - já assim fora concebido no tempo de D. Manuel de Portugal.
O sumptuoso tecto da Sala Dourada foi executado no século XVIII, é apainelado, tem uma pintura central alegórica e quatro medalhões nas quadras, rodeados de uma profusão de ornatos de talha dourada.

Por trás da Sala Dourada existe uma pequena capela onde foram baptizados o Rei D. Manuel II e o seu irmão, o príncipe Luís Filipe, e, ainda, Miguel, o segundo filho do Presidente Ramalho Eanes.

A Sala Império - assim conhecida por estar decorada com móveis desse estilo -, também chamada Sala Verde, chamou-se anteriormente Sala dos Retratos ou dos Presidentes - por nela se encontrarem, até 1985, os retratos dos Presidentes da República - e antes disso Sala D. João V - pela presença em dada altura de um magnifico busto do Rei, que agora se encontra no Convento de Mafra.

Na parede onde antes se expunham os retratos, encontra-se agora um quadro de grandes dimensões, que contém um elemento curiosamente semelhante ao existente no centro do tecto pintado: um medalhão de D. João VI.

Segue-se a Sala Azul, também chamada Sala dos Embaixadores. O tecto é igualmente apainelado e foi em tempos muito mais rico e elaborado. Actualmente, aqui se realizam as tomadas de posse individuais de membros do Governo e, aqui, os embaixadores estrangeiros entregam as suas cartas credenciais ao Presidente da República.
Comunicando com a Sala Azul está o Gabinete de Trabalho do Presidente. Durante muitos anos foi quarto de cama, nele dormiram alguns reis e alguns hóspedes ilustres da Coroa. Este quarto sofreu várias transformações. Entre as últimas constam as que se fizeram para a acomodação de D. Amélia, em 1886, obra em que participaram os artistas Columbano e Malhoa.

Finalmente, fez-se a instalação do gabinete de trabalho do Presidente Ramalho Eanes. Antes disso, o gabinete do Presidente da República era noutro local e esta era a sala onde reunia o Conselho de Estado.

A actual sala onde se reúne o Conselho de Estado é a mesma que D. Maria II, em 1852, adaptou a sala de baile e onde na época tiveram lugar alguns bailes íntimos da corte.
É pelo actual Pátio das Damas que se faz o movimento geral do palácio. Este, pouco conserva do tempo de D. Manuel de Portugal, em que era mais acanhado.

Actualmente o pátio está limitado, à esquerda de quem entra, pelas traseiras do Museu dos Coches (antigo picadeiro), ao fundo pelo muro do Jardim de Buxo e pela ala nascente do palácio e à direita pelo Palacete construído no início do século XX pelo Rei D. Carlos, para alojar as comitivas dos visitantes oficiais. Foi então que foram derrubadas as velhas construções, ampliado o pátio e aberto um portão para a Calçada da Ajuda.

terça-feira, 8 de abril de 2008

Palácio da Pena




Palácio Nacional da Pena, também conhecido simplesmente por Palácio da Pena ou por Castelo da Pena, localizado na histórica vila de Sintra, representa uma das melhores expressões do Romantismo arquitectónico do século XIX em Portugal. Em 7 de Julho de 2007 foi eleito como uma das sete maravilhas de Portugal, sendo aliás o primeiro palácio romântico da Europa, construído cerca de 30 anos antes do carismático Schloss Neuschwanstein, na Baviera.

História


No século XVI, D. Manuel I mandou construir o convento de madeira para a Ordem de São Jerónimo, substituindo-o ligeiramente mais tarde por um de cantaria para 18 monges. No século XVIII, um raio destruiu parte da torre, capela e sacristia. Isto ocorreu pouco antes do fatídico terramoto de 1755, que deixou o convento em plena ruína. O Terramoto de 1755 devastou Lisboa e os arredores e o mosteiro ou Convento da Pena caiu em ruínas. Apenas a Capela, na zona do altar-mor, com o magnífico retábulo em mármore e alabastro atribuído a Nicolau de Chanterenne, permaneceu intacta.
As ruínas, no topo escarpado da
Serra de Sintra, maravilharam o jovem príncipe D. Fernando. Em 1838, decidiu adquirir o velho convento, a cerca envolvente, o Castelo dos Mouros e quintas e matas circundantes. Logo se tornaria um «alto-lugar» do romantismo europeu. O monumento actual foi mandado edificar por D. Fernando de Saxe Coburgo-Gota, casado com a Rainha Maria II em 1836. Homem culto, e com uma educação muito cuidada, o futuro Rei Fernando II depressa se apaixonou por Sintra. Ao visitar a montanha pela primeira vez, avistou as ruínas do antigo Convento dos Frades Hieronimitas, erguido no reinado de D. João II, e que tinha sido substancialmente transformado pelo rei Manuel I de Portugal. Este, no cumprimento de uma promessa, ordenou a sua reconstrução de raiz, em homenagem a Nossa Senhora da Pena, doando-o de volta à Ordem dos Monges de São Jerónimo.
Iniciou logo a seguir obras de consolidação do velho convento, dotando-o de novos acessos em túnel. Em
1840, dois anos antes que Varnhagen desse à estampa a sua colecção de artigos sobre os Jerónimos, D. Fernando decidiu a ampliação do Convento de forma a construir um verdadeiro paço acastelado romântico, residência de verão da família real portuguesa. O novo projecto foi encomendado ao mineralogista germânico barão Guilherme von Eschwege, amador de arquitectura.
Pensou, igualmente, em mandar plantar um magnífico
parque, à inglesa, com as mais variadas, exóticas e ricas espécies arbóreas. Desta forma, Parque e Palácio da Pena constituem um todo magnífico. O Palácio, em si, é um edifício ecléctico onde a profusão de estilos e o movimento dos volumes são uma invulgar e excepcional lição de arquitectura.
A obra decorreu rapidamente e estaria quase concluída entre 1847 e 1852, segundo o projecto do alemão, mas com intervenções decisivas, ao nível dos detalhes decorativos e simbólicos, do príncipe. Diz a Enciclopédia dos Lugares Mágicos de Portugal, volume 11, página 130: «O aparente ecletismo da arquitectura do palácio revela a intenção de fazer dele como que um catálogo das formas neomedievalizantes e exóticas disponíveis na altura. Do neogótico ao neomourisco, passando por sugestões indianas e pelo inevitável manuelino, tudo ali aparece, segundo um esquema de fascinante bricolage